quinta-feira, 26 de junho de 2014

FORMAÇÃO HISTÓRICA DE OEIRAS E A IMPORTÂNCIA DO DIA 24 DE JANEIRO PARA A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL.


Marcos dos Anjos Bezerra

Oeiras surgiu entorno da criação de gado e durante muito tempo foi domínio da Casa da Torre da Bahia. A pecuária foi sendo deslocada para o interior do país devido às terras do litoral do Nordeste ter sido destinada ao plantio da cana-de-açúcar que na época tinha maior importância financeira no mercado europeu. Inicialmente a criação de gado era destinado à subsistência e depois se consolidou, principalmente no Piauí e no Sul com a política do charque. As terras do sertão, incluindo o Piauí, segundo Tânia Brandão, foram doadas por meio das cartas de sesmarias a grandes fazendeiros que tinham capital para explorar as riquezas do local e promover o povoamento.
Os primeiros colonizadores do Piauí , segundo Claudete Dias, tornaram-se grandes proprietários de terras. E saiu favorecido com as sesmarias Domingos Afonso Sertão, sendo no entorno de sua Fazenda Cabrobó que se desenvolveu o primeiro núcleo populacional do Piauí onde adquiriu a conotação posteriormente de Vila da Mocha.
Com a colonização empreendida pela pecuária surgiu um aglomerando de pessoas e houve a preocupação de se criar uma Igreja. O Bispo de Pernambuco decidiu então criar uma paróquia e coube aos padres Miguel e Tomé de Carvalho erguer o primeiro tempo oficial do Piauí em 1733 que foi a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, a partir desse feito a colonização no Piauí se deu de forma mais intensa. E devido à influência religiosa o local passou a se chamar Freguesia de Nossa Senhora da Vitória do Sertão do Piauí de Dentro, localizada entre o Riacho Mocha e o Rio Canindé.
Com a evolução do local a freguesia se tornou Vila em 1712 e de acordo com Claudete em 1758 com o desmembramento do Piauí do maranhão criou-se a capitania de São José do Piauí, sendo designada como sede do Governo a Vila da Mocha. No mesmo ano foi nomeado o primeiro governador, João Pereira Caldas que criou os municípios de Parnaguá, Jerumenha, Campo Maior, Marvão, Valença e Parnaíba. Em 1761 a Vila da Mocha é elevada a categoria de cidade com o nome de Oeiras, em homenagem ao Conde de Oeiras, posteriormente Marquês de Pombal.
No período em que Oeiras foi a capital do Piauí ela se destacou como a cidade mais importante da capitania. Inclusive na época do processo de independência do Brasil Oeiras teve um papel essencial. Nessa época estava a Capital do Piauí sob a administração de Fidié que representava Portugal. Este pensava que a população não se rebelaria contra o seu governo. Mas Claudete Dias aponta em Balaios e Bem-te-vis: A Guerrilha Sertaneja que Parnaíba aderiu ao ato do 7 de setembro em 19 de outubro de 1822. E Segundo Júnior Viana, nosso guia em Oeiras, essa adesão em Parnaíba se deu intelectuais encabeçados por João Cândido e Simplício Dias que mantinham contato com as ideias emancipacionistas do Sul.
            Fidié deslocou, segundo Claudete, as forças militares portuguesas sediadas em Oeiras para o litoral para sufocar o movimento. A Vila foi cercada, mas as lideranças já tinham se retirado para o Ceará em busca de auxílio militar. Com a ausência de Fidié formou-se uma Junta Administrativa em Oeiras para responder pelos interesses políticos da capital sobre a liderança de Manuel de Souza Martins que para ascender politicamente promoveu o primeiro ato de adesão a Independência em Oeiras em 13 de dezembro de 1822 com a tomada da Casa da Pólvora.
O primeiro ato de adesão à independência em Oeiras se deu em 13 de dezembro de 1822, mas foi em 24 de janeiro de 1823 que se formalizou a independência. A oficialização se deu quando Manuel de Souza Martins e seus aliados foram a Praça das Vitórias, que fica em frente à Igreja de Nossa Senhora da Vitória, e saudou o governo de D. Pedro I com o grito de viva a independência.
Com o corrido em Oeiras Fidié marchou de volta para a capital enquanto os oeirenses marcharam para Parnaíba. Houve o encontro das duas forças no dia 13 de março de 1823 às margens do riacho Jenipapo em Campo Maior, desembocando segundo Claudete Dias num combate violento com duração de mais de cinco horas onde as tropas portuguesas saíram vitoriosas devido a sua superioridade militar. Posteriormente Fidié foi preso em Caxias e enviado para Portugal.
A independência consolidada representou a garantia da unidade territorial do Brasil e consolidou a liderança de Manuel de Souza Martins no poder de 1823 a 1843. Tamanha é a importância do 24 de Janeiro que todo o ano nessa data o governador do Estado é recebido com honras  na Praça das Vitórias e a sede do governo neste dia é transferido para Oeiras, considerada o núcleo mais antigo do Piauí e berço da história e colonização do Estado e foi sede da Província até 1852, quando o Conselheiro Saraiva transferiu a capital para a Chapada do Corisco, onde hoje se encontra Teresina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANDÃO, Tanya Maria Pires. O Escravo na formação Social do Piauí. In: _____. O escravo na formação social do Piauí: perspectiva histórica do século XVIII. Teresina: Editora da Universidade Federal do Piauí, 1999. p. 149-171.

DIAS, Claudete Maria Miranda. Balaios e Bem-te-vis: A Guerrilha Sertaneja. 2ª ed. Teresina: Instituto Dom Barreto, 2002.

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