Marcos dos Anjos Bezerra
Oeiras surgiu
entorno da criação de gado e durante muito tempo foi domínio da Casa da Torre
da Bahia. A pecuária foi sendo deslocada para o interior do país devido às
terras do litoral do Nordeste ter sido destinada ao plantio da cana-de-açúcar
que na época tinha maior importância financeira no mercado europeu. Inicialmente
a criação de gado era destinado à subsistência e depois se consolidou,
principalmente no Piauí e no Sul com a política do charque. As terras do
sertão, incluindo o Piauí, segundo Tânia Brandão, foram doadas por meio das
cartas de sesmarias a grandes fazendeiros que tinham capital para explorar as
riquezas do local e promover o povoamento.
Os primeiros
colonizadores do Piauí , segundo Claudete Dias, tornaram-se grandes
proprietários de terras. E saiu favorecido com as sesmarias Domingos Afonso
Sertão, sendo no entorno de sua Fazenda Cabrobó que se desenvolveu o primeiro
núcleo populacional do Piauí onde adquiriu a conotação posteriormente de Vila
da Mocha.
Com a colonização
empreendida pela pecuária surgiu um aglomerando de pessoas e houve a
preocupação de se criar uma Igreja. O Bispo de Pernambuco decidiu então criar
uma paróquia e coube aos padres Miguel e Tomé de Carvalho erguer o
primeiro tempo oficial do Piauí em 1733 que foi a Igreja de Nossa Senhora da
Vitória, a partir desse feito a colonização no Piauí se deu de forma mais
intensa. E devido à influência religiosa o local passou a se chamar Freguesia
de Nossa Senhora da Vitória do Sertão do Piauí de Dentro, localizada entre o Riacho Mocha e o Rio Canindé.
Com a evolução do local a freguesia se
tornou Vila em 1712 e de acordo com Claudete em 1758 com o desmembramento do Piauí
do maranhão criou-se a capitania de São José do Piauí, sendo designada como
sede do Governo a Vila da Mocha. No mesmo ano foi nomeado o primeiro governador,
João Pereira Caldas que criou os municípios de Parnaguá, Jerumenha, Campo
Maior, Marvão, Valença e Parnaíba. Em 1761 a Vila da
Mocha é elevada a categoria de cidade com o nome de Oeiras, em homenagem ao Conde
de Oeiras, posteriormente Marquês de Pombal.
No período em que Oeiras foi a capital do Piauí ela se
destacou como a cidade mais importante da capitania. Inclusive na época do
processo de independência do Brasil Oeiras teve um papel essencial. Nessa época
estava a Capital do Piauí sob a administração de Fidié que representava
Portugal. Este pensava que a população não se rebelaria contra o seu governo.
Mas Claudete Dias aponta em Balaios e Bem-te-vis: A Guerrilha Sertaneja que Parnaíba
aderiu ao ato do 7 de setembro em 19 de outubro de 1822. E Segundo Júnior
Viana, nosso guia em Oeiras, essa adesão em Parnaíba se deu intelectuais
encabeçados por João Cândido e Simplício Dias que mantinham contato com as
ideias emancipacionistas do Sul.
Fidié
deslocou, segundo Claudete, as forças militares portuguesas sediadas em Oeiras para
o litoral para sufocar o movimento. A Vila foi cercada, mas as lideranças já
tinham se retirado para o Ceará em busca de auxílio militar. Com a ausência de
Fidié formou-se uma Junta Administrativa em Oeiras para responder pelos interesses
políticos da capital sobre a liderança de Manuel de Souza Martins que para
ascender politicamente promoveu o primeiro ato de adesão a Independência em
Oeiras em 13 de dezembro de 1822 com a tomada da Casa da Pólvora.
O primeiro ato
de adesão à independência em Oeiras se deu em 13 de dezembro de 1822, mas foi
em 24 de janeiro de 1823 que se formalizou a independência. A oficialização se
deu quando Manuel de Souza Martins e seus aliados foram a Praça das Vitórias,
que fica em frente à Igreja de Nossa Senhora da Vitória, e saudou o governo de
D. Pedro I com o grito de viva a independência.
Com o corrido em
Oeiras Fidié marchou de volta para a capital enquanto os oeirenses marcharam
para Parnaíba. Houve o encontro das duas forças no dia 13 de março de 1823 às
margens do riacho Jenipapo em Campo Maior, desembocando segundo Claudete Dias num
combate violento com duração de mais de cinco horas onde as tropas portuguesas
saíram vitoriosas devido a sua superioridade militar. Posteriormente Fidié foi
preso em Caxias e enviado para Portugal.
A independência consolidada representou a garantia da
unidade territorial do Brasil e consolidou a liderança de Manuel de Souza
Martins no poder de 1823 a 1843. Tamanha é a importância do 24 de Janeiro que todo o ano nessa data o
governador do Estado é recebido com honras
na Praça das Vitórias e a sede do governo neste dia é transferido para
Oeiras, considerada o núcleo mais antigo do Piauí e berço da história e
colonização do Estado e foi sede da Província até 1852, quando o Conselheiro
Saraiva transferiu a capital para a Chapada do Corisco, onde hoje se encontra
Teresina.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, Tanya Maria Pires. O Escravo na formação
Social do Piauí. In: _____. O escravo na
formação social do Piauí: perspectiva histórica do século XVIII. Teresina:
Editora da Universidade Federal do Piauí, 1999. p. 149-171.
DIAS,
Claudete Maria Miranda. Balaios e Bem-te-vis: A Guerrilha Sertaneja. 2ª
ed. Teresina: Instituto Dom Barreto, 2002.
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