quinta-feira, 26 de junho de 2014

Resenha: O Mundo de Sofia - Quatro capítulos finais do livro.


Marcos dos Anjos Bezerra

               O livro O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder nos proporciona um estudo da história da Filosofia, sendo, portanto, de fundamental importância para a busca de respostas aparentemente sem respostas e para uma reflexão acerca das ações do homem e do mundo que nos cerca. Aqui serão elencados os quatro últimos capítulos da obra: NOSSO PRÓPRIO TEMPO... O homem está condenado à liberdade, A FESTA NO JARDIM... Uma gralha branca, O CONTRAPONTO... Duas ou mais melodias soando ao mesmo tempo..., GRANDE EXPLOSÃO... Nós também somos poeira estelar.

             No capítulo NOSSO PRÓPRIO TEMPO... O homem está condenado à liberdade são enfatizadas as teorias filosóficas do século XX, focando o existencialismo do francês Jean- Paul Sartre. Para este, o ponto de partida para as coisas é exclusivamente o homem, pois é o único consciente de sua existência. Para Sartre o homem está condenado à liberdade e sendo responsável por tudo que faz não pode negar a responsabilidade pelos seus atos. É abordado o pensamento de Simone Beauvoir: a mulher precisa adquirir espaço próprio no mundo, liberta-se da submissão perante seu marido e deixar de ser somente o segundo sexo. Tem-se o teatro do absurdo como uma forma de reflexão da vida cotidiana por meio de situações inusitadas. É salientado a corrente ecofilosofia que defende que o homem tomou decisões equivocadas e que isso está afetando a natureza e colocando em risco a vida no planeta. Discute-se que o mundo está passando pela etapa da inovação tecnológica. E tem-se, no fim desse capítulo uma crítica ao excesso de publicações de livros sem conteúdo ao invés de supervalorização da verdadeira filosofia.

            No capítulo A FESTA NO JARDIM... Uma gralha branca traz-se manifestações políticas filosóficas pautadas não na violência, mas pela pacificidade. Chega-se a conclusão de que nenhuma pergunta deve ser estranha para o filósofo. Presencia-se um descaso a situações como o sexo, gravidez e ingestão de bebidas alcoólicas por jovens. Enfoca-se o conceito de realidade e fantasias criadas por alguém. Salienta-se a importância do desenvolvimento da opinião crítica em relação ao mundo em que se vive e também em relação aos valores de gerações passadas. Tem-se discussões acerca do ativismo como forma de mudanças de opiniões consolidadas pelo poder da Igreja e da Escola na mentalidade dos jovens. Aborda-se o comunismo, temática muito utilizada na época da Guerra Fria pelos capitalistas como sinônimo de tudo que deveria ser combatido. O comunista era tido como contrário à nação.

           No capítulo O CONTRAPONTO... Duas ou mais melodias soando ao mesmo tempo... É salientada a importância da análise das coisas nas entrelinhas, bem como a não existência de uma única interpretação do mundo. Discute-se que não existe uma verdade absoluta e, portanto, o filósofo nunca diz “nunca” para as coisas. Fala-se do Solstício de verão. Refletem-se noções de matéria e espírito, onde o espírito é mais sólido do que o gelo, daí ele atravessar a matéria sem dificuldades. Chega-se a conclusão de que a história da humanidade é extensa. E que não se deve chegar a conclusões de forma precipitadas, pois a filosofia é uma fonte de reflexão para a tomada de decisões pertinentes. Discutem-se noções de vida, morte e eternidade. A consequência inevitável da vida é morte.

               O último capítulo do livro intitula-se GRANDE EXPLOSÃO... Nós também somos poeira estelar e aborda o conhecimento científico sobre o surgimento do universo. Demonstra-se a imensidão do universo e que terra é o único planeta que tem vida em relação aos demais do sistema solar. Salienta-se que a observação do universo refere-se a um olhar para o passado e o agora do universo nunca saberemos como ele se encontra. Tudo que vemos chega através de ondas luminosas, daí percebermos primeiro o raio e depois o trovão. Discute-se que no universo a quinze bilhões de anos a matéria se encontrava em um espaço reduzido e que a sua gravidade e densidade eram elevadas tendo como consequência uma grande explosão ou Big Bang, que deu início ao surgimento das galáxias, das estrelas, das luas e dos planetas, estes se movimentam a velocidades impressionantes. Diz-se que o homem começou com o Big Bang, pois toda a matéria no universo é matéria orgânica. Tem-se, por fim, a ideia de que um filósofo nunca desiste perante as dificuldades da vida.

         Os capítulos lidos serviram para um aprofundamento acerca da política, da filosofia e do conhecimento científico. Os quatro capítulos apresentam uma leitura de fácil compreensão, ocasionando no leitor o desejo de sempre ler mais. Foi uma nova forma de escrita da história da filosofia. Em vez ficar na rotina de escrever sobre determinado filósofo o autor Jostein Gaarder inova ao trazer a filosofia numa visão ampla com o diálogo entre o um cunho literário representado pelas constantes conversas entre Sofia e Alberto e entre Hilde e o Major Albert Knag. É preciso que o leitor saiba diferenciar o lado filosófico do literário. Essa leitura traz as ideias e contribuições dos filósofos para o conhecimento e nos faz pensar criticamente para podermos encontrar respostas plausíveis sem precipitações. A filosofia é igual a uma criança por está sempre em busca de respostas, mesmo que muitas vezes seja um questionamento que superficialmente não apresenta fundamentação.

REFERÊNCIA:

GAARDER, Jostein. NOSSO PRÓPRIO TEMPO... O homem está condenado à liberdade, A FESTA NO JARDIM... Uma gralha branca, O CONTRAPONTO... Duas ou mais melodias soando ao mesmo tempo..., GRANDE EXPLOSÃO... Nós também somos poeira estelar. In: _____. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 476-547.

Nenhum comentário:

Postar um comentário