Marcos dos Anjos Bezerra
Ana Cristina Bernardes Souza
Samila Sousa Catarino
Regina Pereira Almeida
Durante
a Guerra de Independência dos Estados Unidos os estadistas não buscaram
implantar uma nova ordem social. Não se visou realizar uma revolução que
proporciona-se uma participação política dos “grupos de condição social
inferior”. A união das treze colônias contra o domínio inglês foi estimulada por
grupos privilegiados que visavam o controle local americano, e por consequência
romper o pacto colonial com a metrópole inglesa.
Com o fim da Guerra, os grupos das
elites locais denominados nacionalistas, buscaram organizar o recém Estado em
torno de um poder central. Havia a preocupação de se resolver os problemas em
nível nacional e não em nível de cada Estado. Era preciso um governo forte que resolvesse
a expansão para Oeste, bem como definisse uma nova política comercial com
outros Estados.
A proposta nacionalista obteve êxito
e ficou estabelecido pela constituição de 1787 o surgimento de um sistema de
partidos nacionais. Um dos primeiros a emergir foi o Partido Republicano
idealizado por James Madison e Thomas Jefferson. Este partido apresentava como
uma de suas metas a exploração e a expansão dos territórios do Oeste e que a
colonização destes locais seria feita por pequenos e médios produtores. O partido
atraiu seguidores que se estabeleceram ao longo da fronteira do Oeste. O
republicanismo avançou na proposta de cidadania, no entanto, apresentava
vestígios do elitismo anterior, pois de acordo com Jefferson quem deveria deter
de fato o poder era aqueles que detinham a condição social superior, em outras
palavras a população branca.
Os sentimentos republicanos e
capitalistas se uniram aos poderes do Estado para motivar a expansão do mercado.
Dentro do recém-criado estado americano surgem duas formas divergentes de
mercados: colônias do norte e colônias do sul. A sociedade do norte era pautada
em governos onde “a soberania do povo era respeitada”, “reinava o princípio do
igualitarismo”, o proprietário trabalhava em conjunto com sua família, o
excesso da produção era destinado aos mercados locais e regionais. Já a
sociedade do sul era pautada no sistema de plantation
que dificultava o convívio social entre os colonos, a propriedade rural
estava centrada nas mãos de poucos, foi onde predominou principalmente a mão-de-obra
escrava.
Mesmo
com os Estados Unidos divido em dois grandes blocos houve um empreendimento em
sua expansão, tornou-se uma sociedade urbana e industrial. Chegou a expandir a
comercialização dos seus produtos inclusive para a China, em razão da
sistematização do comércio do tipo triangular.
Os americanos também dominaram diversos
territórios do Oeste, onde as populações nativas foram expulsas muitas vezes de
forma violenta. Tinham-se ideias e sentimentos expansionistas. O sul e o norte
se expandiam para Oeste, tendo aquele velho dilema da “questão livre” contra a
“questão escrava”. A questão da expansão devia ser analisada sob os pontos de
vista da escravidão ou da mão-de-obra livre. Conforme os Estados Unidos se
expandiam, o problema se tornava cada vez mais frequente.
Os
norte-americanos se julgavam os únicos responsáveis pelo domínio das regiões da
América. Lançaram, por exemplo, a Doutrina Monroe, que proibia que nações
estrangeiras interviessem nos territórios americanos, em outras palavras
buscava legitimar o poderio dos Estados Unidos na América.
Um
dos principais alvos da expansão norte-americana foi o México que declarou
guerra aos Estados Unidos em 1846 devido às ameaças que tal governo provocava.
A guerra perdurou até 1848; o México perdeu o confronto e teve que ceder aos
rivais além de ricas minas de ouro na Califórnia, um vasto território que
corresponde atualmente ao Texas, Califórnia, Nevada, Utah e partes do Arizona,
Novo México, Colorado, etc.
Observa-se
que a realidade norte-americana caracterizou-se por uma transformação do
sistema capitalista rural e comercial para o urbano e industrial. A fartura de
terras no Oeste possibilitou a expansão de dois sistemas antagônicos, de um
lado o sistema de plantation e a
sociedade escravocrata e de outro um sistema pautado na mecanização interna e
em torno da mão-de-obra livre.
As
divergências entre esses dois sistemas provocaram uma guerra civil dentro dos
Estados Unidos. A partir de 1820 surge no Norte dos Estados Unidos uma visão de
sociedade nova que valorizava a concorrência entre os indivíduos, com vistas à
mobilidade social. Buscava-se um homem simples com o ideal da democracia.
Tinha-se a meta do igualitarismo, do espírito individualista e a intolerância
contra os monopólios, buscava se ter um cidadão que participasse de todos os
níveis de governo, com exceção dos mais altos.
Estes
pensamentos eram contrários aos defendidos pelas colônias do Sul que se
fundamentava em torno da escravidão para a manutenção das instituições.
Prevalecia o sistema da plantation,
ou seja, vastas quantidades de terras cultivadas com monoculturas destinadas ao
comércio externo.
O
sul começou a desempenhar um papel de grande fornecedor de matéria-prima para a
industrial têxtil do norte, no entanto, houve uma taxação sobre tais produtos e
isso provocou um descontentamento, segundo os sulistas tais tarifas levaria ao
progressivo empobrecimento do Sul. Tais embates poderia apenas ser resolvidos
de uma única forma: a guerra.
Não
existe um consenso quanto aos reais motivos do conflito, alguns autores citam a
questão das tarifas, outros abordam a escravidão e outros levantam a questão da
preservação nacional.
A
guerra começou em 1861 depois da separação dos estados sulistas da União e da
formação de uma Confederação dos Estados do Sul. Depois de quatro anos de lutas
o sul reconhece sua derrota, terminando em 1865 uma guerra que provocou grande
perda humana. Com seu término os sulistas estavam praticamente dilacerados.
Foi
durante a guerra que ocorreu a redefinição do papel do negro. Lincoln no
segundo ano do conflito declarou abolida a escravidão. A extensão da cidadania
ao negro foi rápida, o escravo foi transformado em ser livre logo depois de
terminado as hostilidades, mas, os direitos dos negros foram na prática
ignorados pelos estados sulistas. Apesar de ser garantido ao negro o acesso à
propriedade, recorrer à justiça, casar e ser educado pelo sistema público
observa-se na prática algo completamente diferente, pois os negros foram
obrigados a trabalharem e foram proibidos de escolherem livremente seu emprego.
A liberdade eleitoral dos negros fora comprometida devido às manipulações das
“máquinas eleitorais”. Surgiram conspirações contra os negros: Ku Klux Klan,
que defendia a supremacia branca e reprimia os negros. O negro não era nem
escravo nem um cidadão, era tido pela elite como um cidadão de segunda classe,
apesar de ser levantado o propósito de que todos os homens são iguais.
Acabado
a guerra se torna necessário organizar a produção, mas para isso é preciso
pessoas para trabalhar, mas a quem recorrer? Pois a escravidão havia sido
abolida. Recorre-se a mão-de-obra imigrante, pessoas especializadas para o
trabalho nas minas, nas fábricas, nas indústrias, etc. Houve a industrialização
dos Estados Unidos e com ela o aumento da população urbana e do crescimento das
cidades. O sistema de produção se intensifica e eclode o Fordismo, que se
caracteriza por uma massificação em série da produção, onde cada trabalhador é
responsável por uma determinada tarefa. Com o aumento da produção os
proletários passam a ser mais explorados e surgem os primeiros sindicatos que
reivindicam melhores condições de serviços, melhores salários, menor jornada de
trabalho e é claro menos exploração de sua mão-de-obra. No entanto, muitos são
vítimas de repressão.
Apesar
dos Estados Unidos ter passado por muitas transformações, o aspecto social não
foi agraciado com eficácia pela “época de progresso”. Surgem para reformar tal
realidade os movimentos progressistas, que visavam proporcionar uma política
mais democrática, moralizar a vida social e torná-la mais igual. Buscava-se
reformar uma sociedade corrupta que havia sido criada em razão dos interesses
dos poderosos. Para tanto, empregaram como veículos para a divulgação de suas
metas a imprensa, a literatura, as publicações oficiais do governo. Tal
movimento permitiu ao homem um maior conhecimento de seus direitos políticos e
sociais, promoveram o sufrágio para as mulheres, empreenderam medidas de bem-estar e lutaram pelo direito a vida, à
educação e à saúde.
Os
primeiros passos para o alcance de uma cidadania partiram dos progressistas. Foram
vários os conflitos entre a cidadania e o sistema capitalista. O Estado
americano devido à política neoliberal tenta ao máximo se distanciar das
questões básicas da sociedade, tais com a educação, à saúde. No entanto, em
época de crise os governantes passam a intervir de forma direta no Estado. O
exemplo claro se deu na época da Quebra da Bolsa de Valores de Nova York em
1929, onde Roosevelt forneceu projetos para a rápida recuperação do mercado
interno através da interferência em todos os setores, inclusive na questão da
cidadania.
Conclui-se
que ainda hoje, apesar de uma consciência nacional que identifica a cidadania
como a aquisição de plenos direitos civis, falta por parte do Estado à
disseminação entre a população americana dos plenos benefícios do bem-estar
social. Por mais que se tenha buscado difundi o ideal de cidadania é difícil na
prática conciliar esse princípio com o sistema capitalista avançado americano,
que proporcionou aos Estados Unidos à supremacia do domínio mundial depois da
Segunda Guerra Mundial até os dias atuais.
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