quinta-feira, 26 de junho de 2014

Síntese dos Textos: Estados Unidos: da colônia à independência (Leandro Karnal), As independências na América Latina (Leon Pomer), A formação dos Estados Unidos (Nancy Naro), Revoluções na América Latina (Héctor Bruit), A Formação do Estado Populista na América Latina (Octavio Ianni).

Marcos dos Anjos Bezerra
Ana Cristina Bernardes Souza
Samila Sousa Catarino
Regina Pereira Almeida


              Durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos os estadistas não buscaram implantar uma nova ordem social. Não se visou realizar uma revolução que proporciona-se uma participação política dos “grupos de condição social inferior”. A união das treze colônias contra o domínio inglês foi estimulada por grupos privilegiados que visavam o controle local americano, e por consequência romper o pacto colonial com a metrópole inglesa.
            Com o fim da Guerra, os grupos das elites locais denominados nacionalistas, buscaram organizar o recém Estado em torno de um poder central. Havia a preocupação de se resolver os problemas em nível nacional e não em nível de cada Estado. Era preciso um governo forte que resolvesse a expansão para Oeste, bem como definisse uma nova política comercial com outros Estados.
            A proposta nacionalista obteve êxito e ficou estabelecido pela constituição de 1787 o surgimento de um sistema de partidos nacionais. Um dos primeiros a emergir foi o Partido Republicano idealizado por James Madison e Thomas Jefferson. Este partido apresentava como uma de suas metas a exploração e a expansão dos territórios do Oeste e que a colonização destes locais seria feita por pequenos e médios produtores. O partido atraiu seguidores que se estabeleceram ao longo da fronteira do Oeste. O republicanismo avançou na proposta de cidadania, no entanto, apresentava vestígios do elitismo anterior, pois de acordo com Jefferson quem deveria deter de fato o poder era aqueles que detinham a condição social superior, em outras palavras a população branca.
            Os sentimentos republicanos e capitalistas se uniram aos poderes do Estado para motivar a expansão do mercado. Dentro do recém-criado estado americano surgem duas formas divergentes de mercados: colônias do norte e colônias do sul. A sociedade do norte era pautada em governos onde “a soberania do povo era respeitada”, “reinava o princípio do igualitarismo”, o proprietário trabalhava em conjunto com sua família, o excesso da produção era destinado aos mercados locais e regionais. Já a sociedade do sul era pautada no sistema de plantation que dificultava o convívio social entre os colonos, a propriedade rural estava centrada nas mãos de poucos, foi onde predominou principalmente a mão-de-obra escrava.
Mesmo com os Estados Unidos divido em dois grandes blocos houve um empreendimento em sua expansão, tornou-se uma sociedade urbana e industrial. Chegou a expandir a comercialização dos seus produtos inclusive para a China, em razão da sistematização do comércio do tipo triangular.
 Os americanos também dominaram diversos territórios do Oeste, onde as populações nativas foram expulsas muitas vezes de forma violenta. Tinham-se ideias e sentimentos expansionistas. O sul e o norte se expandiam para Oeste, tendo aquele velho dilema da “questão livre” contra a “questão escrava”. A questão da expansão devia ser analisada sob os pontos de vista da escravidão ou da mão-de-obra livre. Conforme os Estados Unidos se expandiam, o problema se tornava cada vez mais frequente.
Os norte-americanos se julgavam os únicos responsáveis pelo domínio das regiões da América. Lançaram, por exemplo, a Doutrina Monroe, que proibia que nações estrangeiras interviessem nos territórios americanos, em outras palavras buscava legitimar o poderio dos Estados Unidos na América.
Um dos principais alvos da expansão norte-americana foi o México que declarou guerra aos Estados Unidos em 1846 devido às ameaças que tal governo provocava. A guerra perdurou até 1848; o México perdeu o confronto e teve que ceder aos rivais além de ricas minas de ouro na Califórnia, um vasto território que corresponde atualmente ao Texas, Califórnia, Nevada, Utah e partes do Arizona, Novo México, Colorado, etc.
Observa-se que a realidade norte-americana caracterizou-se por uma transformação do sistema capitalista rural e comercial para o urbano e industrial. A fartura de terras no Oeste possibilitou a expansão de dois sistemas antagônicos, de um lado o sistema de plantation e a sociedade escravocrata e de outro um sistema pautado na mecanização interna e em torno da mão-de-obra livre.
As divergências entre esses dois sistemas provocaram uma guerra civil dentro dos Estados Unidos. A partir de 1820 surge no Norte dos Estados Unidos uma visão de sociedade nova que valorizava a concorrência entre os indivíduos, com vistas à mobilidade social. Buscava-se um homem simples com o ideal da democracia. Tinha-se a meta do igualitarismo, do espírito individualista e a intolerância contra os monopólios, buscava se ter um cidadão que participasse de todos os níveis de governo, com exceção dos mais altos.
Estes pensamentos eram contrários aos defendidos pelas colônias do Sul que se fundamentava em torno da escravidão para a manutenção das instituições. Prevalecia o sistema da plantation, ou seja, vastas quantidades de terras cultivadas com monoculturas destinadas ao comércio externo.
O sul começou a desempenhar um papel de grande fornecedor de matéria-prima para a industrial têxtil do norte, no entanto, houve uma taxação sobre tais produtos e isso provocou um descontentamento, segundo os sulistas tais tarifas levaria ao progressivo empobrecimento do Sul. Tais embates poderia apenas ser resolvidos de uma única forma: a guerra.
Não existe um consenso quanto aos reais motivos do conflito, alguns autores citam a questão das tarifas, outros abordam a escravidão e outros levantam a questão da preservação nacional.
A guerra começou em 1861 depois da separação dos estados sulistas da União e da formação de uma Confederação dos Estados do Sul. Depois de quatro anos de lutas o sul reconhece sua derrota, terminando em 1865 uma guerra que provocou grande perda humana. Com seu término os sulistas estavam praticamente dilacerados.
Foi durante a guerra que ocorreu a redefinição do papel do negro. Lincoln no segundo ano do conflito declarou abolida a escravidão. A extensão da cidadania ao negro foi rápida, o escravo foi transformado em ser livre logo depois de terminado as hostilidades, mas, os direitos dos negros foram na prática ignorados pelos estados sulistas. Apesar de ser garantido ao negro o acesso à propriedade, recorrer à justiça, casar e ser educado pelo sistema público observa-se na prática algo completamente diferente, pois os negros foram obrigados a trabalharem e foram proibidos de escolherem livremente seu emprego. A liberdade eleitoral dos negros fora comprometida devido às manipulações das “máquinas eleitorais”. Surgiram conspirações contra os negros: Ku Klux Klan, que defendia a supremacia branca e reprimia os negros. O negro não era nem escravo nem um cidadão, era tido pela elite como um cidadão de segunda classe, apesar de ser levantado o propósito de que todos os homens são iguais.
Acabado a guerra se torna necessário organizar a produção, mas para isso é preciso pessoas para trabalhar, mas a quem recorrer? Pois a escravidão havia sido abolida. Recorre-se a mão-de-obra imigrante, pessoas especializadas para o trabalho nas minas, nas fábricas, nas indústrias, etc. Houve a industrialização dos Estados Unidos e com ela o aumento da população urbana e do crescimento das cidades. O sistema de produção se intensifica e eclode o Fordismo, que se caracteriza por uma massificação em série da produção, onde cada trabalhador é responsável por uma determinada tarefa. Com o aumento da produção os proletários passam a ser mais explorados e surgem os primeiros sindicatos que reivindicam melhores condições de serviços, melhores salários, menor jornada de trabalho e é claro menos exploração de sua mão-de-obra. No entanto, muitos são vítimas de repressão.
Apesar dos Estados Unidos ter passado por muitas transformações, o aspecto social não foi agraciado com eficácia pela “época de progresso”. Surgem para reformar tal realidade os movimentos progressistas, que visavam proporcionar uma política mais democrática, moralizar a vida social e torná-la mais igual. Buscava-se reformar uma sociedade corrupta que havia sido criada em razão dos interesses dos poderosos. Para tanto, empregaram como veículos para a divulgação de suas metas a imprensa, a literatura, as publicações oficiais do governo. Tal movimento permitiu ao homem um maior conhecimento de seus direitos políticos e sociais, promoveram o sufrágio para as mulheres, empreenderam medidas de    bem-estar e lutaram pelo direito a vida, à educação e à saúde.
Os primeiros passos para o alcance de uma cidadania partiram dos progressistas. Foram vários os conflitos entre a cidadania e o sistema capitalista. O Estado americano devido à política neoliberal tenta ao máximo se distanciar das questões básicas da sociedade, tais com a educação, à saúde. No entanto, em época de crise os governantes passam a intervir de forma direta no Estado. O exemplo claro se deu na época da Quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, onde Roosevelt forneceu projetos para a rápida recuperação do mercado interno através da interferência em todos os setores, inclusive na questão da cidadania.
Conclui-se que ainda hoje, apesar de uma consciência nacional que identifica a cidadania como a aquisição de plenos direitos civis, falta por parte do Estado à disseminação entre a população americana dos plenos benefícios do bem-estar social. Por mais que se tenha buscado difundi o ideal de cidadania é difícil na prática conciliar esse princípio com o sistema capitalista avançado americano, que proporcionou aos Estados Unidos à supremacia do domínio mundial depois da Segunda Guerra Mundial até os dias atuais.

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